Quando falamos de comportamento passivo-agressivo, estamos nos referindo a um padrão em que uma pessoa expressa indiretamente sentimentos negativos como raiva, frustração ou ressentimento, em vez de confrontá-los diretamente.
Por exemplo, dizer ao parceiro que não há nada de errado, mas demonstrar raiva que contradiz isso. A pessoa não diz o que a está incomodando, mas seu comportamento não reflete suas palavras porque há uma desconexão entre o que ela diz e o que faz.
Esse tipo de comunicação pode gerar confusão e conflito em muitas áreas de nossas vidas, desde relacionamentos amorosos até relações de trabalho. O problema é que, quando alguém se comunica dessa forma, você fica no escuro. Você sabe que algo está errado, mas não consegue identificar exatamente o quê.
Pessoas mentalmente fortes usam essas frases para redirecionar a conversa, descobrir o que está acontecendo e retomar o controle. Não são frases mágicas, mas demonstram inteligência emocional e podem ajudar a dissipar a ambiguidade, retomar a responsabilidade pela comunicação e proteger seus limites. E tudo isso é feito de forma assertiva.
Com essa frase, buscamos uma comunicação orientada para a ação. Imagine que você planejou sair com seus amigos no sábado e seu parceiro(a) queria passar um tempo com você em casa. Quando você conta seus planos, ele(a) revira os olhos e responde com um suspiro e um "tanto faz, faça o que quiser".
Fica claro pela comunicação não verbal que ele(a) está irritado(a), mas não quer discutir, mesmo que claramente não seja um "tanto faz". Ele(a) quer que você adivinhe o que fez de errado e resolva magicamente um problema que ele(a) nem mencionou.
Se, em vez de ignorar a situação, você perceber que algo está errado e responder com: “Vejo que algo está te incomodando. O que você gostaria que eu fizesse de diferente?”, você abre espaço para que a outra pessoa se expresse.
Você devolve a responsabilidade da comunicação, em vez de tentar adivinhar. Essa frase funciona porque demonstra que você está disposto a ouvir e fazer mudanças, se necessário, mas também deixa claro para a pessoa que você não quer ficar adivinhando.
Essa situação pode soar muito familiar. Seu parceiro está reclamando há meia hora sobre algo que ambos estão vivenciando — digamos, por exemplo, que você se perdeu a caminho de um restaurante. "É sempre a mesma coisa, nada dá certo, o que vamos fazer agora?". Reclamar garante atenção e simpatia sem que ele precise fazer nenhum esforço para mudar a situação ou demonstrar qualquer vulnerabilidade.
Nessa situação, redirecionamos a conversa com: “Entendo sua frustração, mas vamos nos concentrar em soluções: o que podemos fazer agora para melhorar a situação?”. O que estamos fazendo é reconhecer que existe um problema e que estamos dispostos a resolvê-lo sem ficarmos presos em reclamações constantes.
Se alguém está sendo passivo-agressivo com você, pode perceber que essa pessoa está se escondendo atrás de indiretas sutis. Por exemplo, você está em uma reunião de trabalho, apresenta uma ideia e um colega diz, com um meio sorriso: "Bem... essa é uma proposta interessante".
O tom soa irônico e você sente um julgamento, mas não diz nada que você possa abordar diretamente. Em vez de ignorar esses comentários ou ficar na defensiva, a frase "me ajude a entender o que você quer dizer com isso" é uma forma de obter esclarecimentos e reduzir a ambiguidade.
Isso nos força a usar termos mais explícitos e impede que você preencha as lacunas, reduzindo a ruminação mental. Você não está buscando uma briga, apenas clareza, o que lhe dá controle da situação.
O lado bom dessa frase é que ela convida a pessoa passivo-agressiva a ser direta sobre o que quer dizer, embora em muitos casos ela recue com algo como: "Ah, deixa pra lá, eu só queria dizer...", porque não está pronta para ter uma conversa real sobre o assunto.
Você está em uma refeição em família e, após uma discussão, sua mãe faz comentários sarcásticos durante toda a refeição, como "você sempre sabe de tudo" ou "ela está sempre errada". Esse comportamento tem o objetivo de fazer você se sentir inseguro ou de criar um possível conflito. A pessoa passivo-agressiva pode expressar seu descontentamento sem assumir a responsabilidade, enquanto você se pergunta se está sendo sensível demais ou pensando demais.
Você pode ignorá-los, mas também pode tentar sair dessa situação diretamente: “Não me sinto confortável com essa dinâmica, mãe”. O que estamos tentando fazer é quebrar essa atmosfera estranha e desconfortável criada pela linguagem passivo-agressiva. Ao usar frases com “eu”, que não acusam, mas descrevem uma experiência e emoções — as suas —, podemos apontar que existe um problema sem entrar em uma disputa de poder sobre quem é o culpado.
Você está em casa e pergunta ao seu parceiro se ele já ligou para a seguradora para consertar a umidade no teto, como havia prometido na semana passada. A resposta é: "Tive tantas coisas para fazer esta semana", o que não é nem sim nem não.
Essa evasiva não é acidental; é uma forma de manter o controle e evitar a responsabilidade. Em vez de deixar para lá, podemos confrontar o problema e pedir uma resposta novamente com a frase: "Preciso de uma resposta direta". Isso vai direto ao ponto e exige responsabilidade de forma assertiva, pois expressa uma necessidade específica sem precisar justificá-la em excesso.
Essa é exatamente a resposta que uma pessoa emocionalmente inteligente daria ao seu parceiro na primeira situação abordada, quando ele está chateado, mas, ao ser questionado sobre o que há de errado, responde com "nada está errado".
Essa resposta valida os sentimentos da pessoa sem incentivar seu estilo de comunicação indireto. Mostra que você se importa e que entende o que está acontecendo, mas também dá espaço para a outra pessoa falar quando estiver pronta .
Segundo John Bowe, especialista em oratória e autor do livro "I Have Something to Say" ("Tenho Algo a Dizer"), essa frase é uma das melhores para conter comportamentos passivo-agressivos.
A outra pessoa precisa se sentir validada, ouvida e apoiada, mas o objetivo não é estar certo ou vencer uma discussão. Nem é provar que a outra pessoa está errada; é simplesmente ter uma conversa onde possamos falar sobre o que está acontecendo honestamente e em um ambiente seguro.